(Hélder Gonçalves)
às vezes o nosso amor adora morrer
pra voltar e voltar a correr
parece que o nosso amor se evapora
hora a que o ar do lar o aquece e devora
às vezes o nosso amor tropeça só
para que o chão lhe peça:
- levanta-te depressa!...
às vezes o nosso amor adora sangrar
pra se esvair e voltar a estancar
às vezes o nosso amor adora lamber
a cicatriz que insiste em conceber
parece que o nosso amor se desflora só
para que o céu lhe peça:
- benze-te depressa!...
às vezes o nosso amor acalora
para que a água estale a pele a ferver
às vezes o nosso amor decora, ora
parece que o ar do lar o estupora
às vezes o nosso amor descola só
para que peça a peça
se junte numa peça
o nosso amor adora suster
o ar que inspira e sorve só pra verter
às vezes o nosso amor demora a crescer
parece que tem medo de não caber
de não caber |