(Carlos Tê/ Hélder Gonçalves)
Ainda me lembro de ti Tão cheio de ti mesmo Passeando a tua esfinge De príncipe de alta casta Alguém que já nem finge Que amar-se a si mesmo basta
Havia sempre alguém A prestar vassalagem E a render-se à tua imagem De Narciso bem penteado Tirando da garagem Um coração cromado
Julgavas que a vida era Um chevrolé vermelho E a beleza bastava Para seres dono do lago Mas quebrou-se o espelho Não aguentaste o estrago
E eu que verti uma lágrima Por não merecer o teu olhar Pergunto a mim mesmo Como pude um dia por ti chorar Narciso sobre rodas vai
E agora ao encontrar-te Pergunto a mim mesmo Como pude um dia sequer amar-te
E agora ao encontrar-te Pergunto a mim mesmo Como pude sequer amar-te
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