04. FÁBRICA DE AMORES

 (Adolfo Luxúria Canibal / Hélder Gonçalves)

 

A garganta seca

Pelo fumo acre

Sou Salomé no nó dos calores

Qual fatal boneca

Revestida a lacre

Sou Salomé fábrica de amores

Passo com ar bombástico

Digo maviosamente:

– Levo o paraíso em mim!

Levo o paraíso!...

 

Os olhares pousam

Sobre o meu corpete

No salivar glutão do desejo

Mas as mãos não ousam

Tão voraz joguete

Sou Salomé ébria de ensejo

Passo, passo com ar bombástico

E digo maviosamente:

– Tenho o paraíso em mim!

Tenho o paraíso em mim!

Levo o paraíso! 

Levo o paraíso em mim!

Secreto jardim

A um passo de ti

Dourado e carmim

A um passo de ti

Tenho o paraíso em mim!

Tenho o paraíso em mim!

Levo o paraíso!

Tenho o paraíso em mim!

Levo o paraíso!

Levo o paraíso em mim!

Em mim…

A mim!