08. MELANCHOLIA

(Carlos Tê/ Hélder Gonçalves)


um poente da cor do passado
um sépia quase sangue
um olhar sonolento para longe
um horizonte perdido


uma torre tombada
no xadrês do tempo


não há como voltar
à grandeza do ontem


e cai a nostalgia
como concha vazia
que a maré deixa aos pés
e roi a melancolia


um barquinho moderno no mar
com alma de argonauta
um herói cego por tanto ver
um velho sem comer


uma canoa no Tejo
um fado na taberna


e cai a nostalgia
como concha vazia
que a maré deixa aos pés
e roi a melancolia